“Em mundo com tantos filtros, estávamos carentes de pessoas verdadeiras”. Seja na ficção ou no entretenimento, quanto mais as histórias se aproximam da vida real, mais gostamos de ouvir e conhecer essas narrativas.
Nos últimos meses, mesmo que você não tenha assistido, certamente ouviu falar do fenômeno Juliette. Eu não consegui acompanhar o Big Brother Brasil deste ano, mas minha filha mais velha não perdia um episódio e me atualizava de todos acontecimentos, mesmo eu estando distante das telas, foi impossível não perceber o quão forte se tornou esse nome.
Ao passar pela casa “mais vigiada do Brasil”, Juliette Freire não só conquistou números extraordinários – seu perfil no Instagram bateu o recorde mundial de 1 milhão de likes em menor tempo, ultrapassando a cantora americana Billie Eilish -, milhões de fãs brasileiros, contratos milionários com grandes marcas e o poderoso prêmio final, como também nos deu uma grande e sábia aula sobre Marca Pessoal e Storytelling.
Como Juliette saiu do anonimato para se tornar uma das mulheres mais influentes nas mídias sociais? Vamos juntos entender essa trajetória de sucesso.
Autenticidade ao vivo e a cores!
“Não se coloque no rótulo que lhe dão. Não se coloque no lugar que lhe dão. Se coloque no lugar que você é.” – Juliette Freire
Todo mundo tem uma história para contar e dentro do programa Juliette não escondeu quem era. Advogada e maquiadora, nordestina arretada, batalhadora, extrovertida, atrapalhada, tagarela, chorona, que gosta de cantar e dançar, filha, irmã, amiga… Ela já tinha uma Marca Pessoal forte antes mesmo de entrar no programa. Mas o que fez as pessoas gostarem tanto dela?
No bate-papo Saia Justa no Canal GNT, a apresentadora Astrid Fontenelle destaca: “em mundo com tantos filtros, estávamos carentes de pessoas verdadeiras”. É inegável que se Juliette não demonstrasse quem realmente é, sua essência e valores, sendo verdadeira e humana, o sucesso de sua Marca não seria o mesmo. Isso só é possível quando mergulhamos no processo autoconhecimento, conhecemos a nossa personalidade e encontramos o nosso grande tesouro, a Autenticidade. A partir disso, conseguimos nos conectar com a nossa história e mostrar a nossa proposta de valor, gerando conexão com o outro.
Já comentei nas minhas postagens sobre um estudo realizado pela Social Chorus que chegou a conclusão que as pessoas acreditam em Marcas que sentem que “conhecem”. Normalmente, somos guiados, mesmo que inconscientemente, pela conexão emocional com o outro e as nossas histórias servem como meio para tal. Ao entrar em contato com uma história, nós precisamos nos enxergar ali e encontrar algum ponto de contato com a nossa própria trajetória. Precisamos nos identificar! E essa identificação, Juliette foi capaz de despertar em muitas pessoas, de forma maestral.
Histórias reais, verdadeiras e autênticas conectam – e muito! No entanto, é preciso saber contá-las e comunicá-las. E nesse ponto, o storytelling entra como ferramenta para gerar conexão, sendo a sua história um elemento a mais para revelar a sua Marca Pessoal.
Como construir sua própria narrativa?
Quando estamos DENTRO da nossa história, conhecemos o nosso real valor, as partes difíceis, as dúvidas, as batalhas e tudo o que tivemos que passar para ser quem somos. Porém, quando queremos colocar para FORA a nossa narrativa, ou seja, compartilhá-la ao mundo, caímos na armadilha de esconder esses buracos no caminho com o receio de não conseguir transmitir o nosso valor e nossa verdade aos outros.
O que poucas pessoas percebem é que esses detalhes e também a nossa habilidade de assumi-los são os pontos que geram conexão e fazem as pessoas estarem perto de nós. Voltamos ao case da Juliette. Ao contar a sua narrativa, ela não escondeu nenhum detalhe, mostrou suas vulnerabilidades, fragilidades, sonhos, conquistas, valores pessoais. Se mostrou forte e frágil, empática e racional, divertida e séria… no fim, foi humana, foi simplesmente ela!
“Fico feliz que as pessoas gostaram de mim, que aceitaram as minhas vulnerabilidades e viram em mim algo bom” – Juliette Freire.
Gosto de dizer que vivemos em constante “rebranding”, se apegando e reforçando a nossa essência e história. Esse exercício fez total diferença para Juliette que em diversos momentos foi duramente criticada por ser exatamente assim, sendo até apontada como um personagem ou que estava atuando. Se isso é verdade ou não, nunca saberemos. No entanto, dentro de um reality show, sustentar uma trajetória “inventada” que não condiz com a sua essência, é a jogada mais arriscada que um participante pode fazer e, certamente, não trará bons resultados, assim como na vida real, como eu mesmo digo, se estamos atuando através de um “personagem criado”, um dia a máscara cai, porque é difícil sustentar quem você não é por muito tempo.
“Fui rotulada, eu não conseguia ser eu mesma e sentia que estava me perdendo de mim. Mas, eu comecei a pensar ‘vou ser o que sou, é o que tenho e é nisso que vou me apegar’. Então eu falava muito sobre minha mãe, meus amigos e cantava as minhas músicas para não me perder de mim”.
Sua história é o seu diferencial de Marca!
O que diferencia sua Marca Pessoal das demais é a sua história.
O Storytelling possui algumas técnicas que nos ajudam a tornar a nossa história mais interessante. Quando alinhada à nossa verdade, autenticidade e essência é uma poderosa maneira de mostrar às pessoas quem somos, qual é a nossa Marca Pessoal.
Você já possui uma história que é única e insubstituível. Você também é o responsável por compartilhá-la ao mundo de forma coerente, pois uma história bem estruturada, é o que sustenta a sua reputação. Sempre gosto de comentar a frase de Jeff Bezos, fundador e CEO da Amazon: “Marca Pessoal é o que falam de você quando você não está na sala”. Alinhar a sua narrativa pessoal à narrativa que as pessoas constroem de você é um exercício importante para estabelecer uma Marca forte.
Lembre-se que tudo irá comunicar essa narrativa, seja nas redes sociais, no seu site, com a sua equipe, amigos, familiares. Em cada um desses ambientes, analise como você está contando a sua trajetória, introduzindo os seus valores e caminhando rumo ao seu propósito. Qual ou quais histórias estão sendo apresentadas? Elas condizem com a sua proposta de valor e sua essência?
Quando uma narrativa é autêntica, bem contada e trabalhada, casos assim como o de Juliette, se tornam mais comuns do que se imagina.
Um abraço e até o próximo artigo!