Neste final de semana resgatei um hobby antigo – montamos um quebra-cabeça em família. Coisas de quarentena…
Eu não fazia um quebra-cabeça há muitos anos, e havia me esquecido de duas características fundamentais:
– A primeira: o processo tem um ritmo – muito lento no início, e que acelera desproporcionalmente da metade até o final.
– A segunda: seguir uma sequência de passos, começando pela moldura, ir pelas formas próximas a ela, e então partir as formas mais diferenciadas.
Sempre mirando a composição final, que não saía nem por um minuto da nossa frente, fomos, minhas filhas e eu, comemorando efusivamente cada nova pecinha encaixada daquelas adoráveis formas do Keith Haring.
No dia 1, por diversas vezes afirmamos categoricamente: faltam peças! Claro!
No dia 2, a chegada do meu marido trouxe um novo estilo para a mesa: diferente de nós, ele não “experimentava peças” – olhava, olhava, olhava, e quando pegava uma pecinha, era pra encaixá-la com precisão. Curioso e complementar.
Mais treinadas e com reforço, tudo parecia fazer mais sentido, ganhamos muita velocidade e wow! Missão cumprida!
Vibramos, comemoramos, olhamos um pouco pro quadro pronto, e foi quase inevitável pensar: o que escolheremos para o próximo?
Inevitável pensar em como esse processo se parece com o processo de formação de uma Marca Pessoal. É surpreendente! E fiz alguns paralelos mentais que compartilho com vocês:
– Comece pela moldura
A moldura são os seus limites. É o território no qual você vai atuar. Ter clareza do seu campo de atuação não é um redutor, pelo contrário: é isso que te dá o foco para ser preciso e assertivo.
– Saiba onde você quer chegar
Visualizar constantemente o quadro final faz toda a diferença. Saiba o que você está buscando. Essa imagem é o seu norte, ela vai te dar ânimo e aguçar a sua energia.
– Foque primeiro no que você tem de único
Num ambiente onde tudo é muito parecido, busque aquilo que te diferencia. Menos é mais, e alguns “quick wins” vão acelerar o seu reconhecimento pelo seu público.
– Aceite que o começo é árduo
A velocidade do começo é mais lenta mesmo. Não desanime. O baixo resultado não é sua incapacidade – ele vem do tempo que qualquer processo leva pra engrenar. Não acredite em atalhos milagrosos – eles raramente substituem o trabalho duro.
– Pare de achar que falta algo
Tudo o que você precisa está posto ali, e na verdade, os recursos estão disponíveis para todos. Mas encaixar as peças certas no lugar certo, isso sim, é para os poucos que se dedicam com afinco.
– Aprenda com quem é diferente de você
Observar um estilo diferente pode trazer muitos insights para a sua jornada. Observe quem chega no mesmo resultado que você está buscando, mas usando outros caminhos, e inspire-se com eles.
– Acredite que a prática leva à perfeição – e treine!
É igualzinho quando aprendemos um novo esporte, ou a dirigir: no começo somos bem desajeitados. Lembre-se como você motivaria uma criança que estivesse aprendendo algo novo, e diga a você mesmo!
– Comemore a vitória
Sempre. Estabelecer milestones de reconhecimento para a sua Marca Pessoal e comemorar cada chegada é fundamental para renovar o ânimo.
– Não aceite o final como o final
É o que acontece quando resolvemos uma pergunta – não é verdade que geralmente, nos fazemos outra, um pouco mais complexa?
Por fim, uma triste lição: fiquei tão entretida que acabei perdendo os parabéns no Zoom da minha grande amiga Carla Figueiredo.
Por isso um lembrete: a jornada pode ser inebriante. Garanta as pausas.
E você, qual o seu próximo quebra-cabeça?